terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma vida na mão ou dois pássaros voando?

"Eu vou morrer?"

"Eu vou melhorar?!"

"Pelo amor de Deus, ajude-me!"

"Quanto tempo vou ficar assim?"

A vida definitivamente não permite ensaios. Se permitisse, não teria graça alguma. Ninguém erraria, ninguém tropeçaria, ninguém erraria a mega-sena, ninguém morreria. Todos seriam igualmente felizes e todos aproveitariam ao mesmo tempo todas as boas possibilidades possíveis! Ou seja: seria a mais completa definição de "perfeito caos".

As perguntas acima simbolizam isso, pois como profissional de saúde ouço várias vezes durante a rotina esses questionamentos que geralmente são acompanhados de angústia e medo. A incerteza da cura e da recuperação, colocando a saúde em jogo, e desse modo em risco nosso bem maior: a vida.

E quanto vale a vida? Pergunta mais difícil talvez não exista, pois todos sabem que a vida não tem preço. Mas e pra quem, impressionantemente, deseja o fim da vida como o suicida? A vida pra ele significa o ingresso para a morte e nada mais. Paciência...

E assim acontecem exemplos de vida por um fio todos os dias, em todos os momentos. Eu, particularmente, nunca tive a vida em risco por causa de doença. Mas infelizmente já estive em contato com pessoas que faleceram mesmo com todos os esforços. O mal irremediável é insano e muitas vezes cruel.

Essa certeza que vou morrer um dia é no mínimo curioso, pois posso estar escrevendo esse texto no dia da minha morte e simplesmente eu não sei disso. Então esse texto seria polêmico, já que seria absurdo pensar que trata-se apenas de uma mera coincidência. Mas se hoje não for o dia da minha morte, então esse texto passará apenas como mais um texto no meu blog.

Então termino esse texto pequeno, pois admito que minha inspiração "morreu" hoje, apenas afirmando que ter uma vida nas mãos realmente equivalem a dois pássaros voando, já que na área de saúde o profissional de saúde e o paciente são dois pássaros: esse quer voltar a voar e aquele quer continuar voando, mas nunca sozinho, enfim uma andorinha só não faz verão, mas quando essa andorinha ajuda várias outras andorinhas a voarem com ela, então o sol virá majestoso e irradiando felicidade. Quando alguma andorinha não puder mais ajudar a fazer verão, então o mal irremediável cumpriu a sua tarefa. Tudo bem, o sol continua, todos os dias da semana, 365 dias por ano. Quem não está mais entre nós para apreciar o sol da terra, então acredito que deve estar apreciando esse mesmo sol de um ângulo muito mais privilegiado. Amém!

"(...) Onde houver ódio que eu leve o amor / onde houver ofensa que eu leve o perdão /onde houver discórdia que eu leve a união / onde houver dúvida que eu leve a fé / onde houver erro que eu leve a verdade / onde houver desespero que eu leve a esperança / onde houver tristeza que eu leve a alegria / onde houver trevas que eu leve a luz (...)" (trecho oração de S. Francisco de Assis)

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