quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Dia 13... Também conhecido como o melhor dia do mês!



O Dia 13 às vezes cai na segunda, na terça, enfim, até dia domingo pode ser um dia 13, além da temível sexta-feira 13, sempre assombrando crianças e até marmanjos com as lendas mais absurdas, porém que mexem com o imaginário do povo. Enfim, o número 13 foi consagrado como o número do azar ou má sorte, como queiram, mas venho aqui defendê-lo, em alto e bom som, pois na verdade esse número, há 8 meses, está sendo o melhor dia do mês. E por que há exatamente 8 meses? Explico...

Dia 13 de janeiro de 2012: era o 13º dia do ano, enfim, estava no primeiro dia 13 do ano que foi consagrado recentemente como o ano do fim do mundo. Que data intempestiva, mas engana-se o leitor, pois nessa data estava eu ansioso, aguardando rever alguém que conheci no ano passado, mais precisamente dia 25 de dezembro de 2011, ou seja, havia apenas 18 dias que a conhecia, porém já sabia o que fazer: comprar flores, ir a um bom restaurante, tomar um bom vinho e pedi-la em namoro com o buquê em meus braços, aguardando o "sim", obviamente... Mas para isso precisava resolver alguns pontos conflitantes. Então vamos por partes:

1) Não conhecia restaurantes, enfim, até o momento preferia os bares, e me bastava até então. Bom, nesse caso não tinha o que fazer, fui buscar ajuda com amigos e até mesmo com minha convidada especial (a futura dona das flores) que estava na Europa em passeio com sua mãe (futura sogra, mas na época ninguém sabia disso), e graças a uma tecnologia chamada Internet, conseguimos nos falar pelo Skype praticamente todos os dias de sua viagem, o que foi fundamental para "quebrar o gelo" do reencontro pós-viagem. Então não titubeei, perguntei sobre um restaurante, dando a impressão que entendia alguma coisa, mas sinceramente mal conseguia pronunciar o nome: "Conhece o Café Pagliuca? Parece que lá é legal!" (segundo um amigo conhecedor de restaurantes). Ela respondeu: "Sim, lá é ótimo!". Então batemos o martelo! Bingo!

2) Onde comprar flores? Decididamente não era minha praia, mas sabia que era fundamental e sinceramente estava existindo o clima para isso, como se o mundo conspirasse a favor mesmo, sei que pode parecer estranho, mas peço ao leitor que simplesmente aceite a condição que eu estava apaixonado, e quem está assim simplesmente acredita que o mundo está se lixando pro resto do mundo, os holofotes estão virados para você, enfim era a minha chance. E quando achei que ia ter trabalho pra achar uma floricultura, surge uma no caminho de casa. Desci, encomendei o ramalhete de rosas vermelhas (resolvi não fugir da tradição, enfim já estava arriscando muito pedir alguém em namoro no dia 13!)

3) Flores compradas, restaurante escolhido e de comum acordo, só faltava agora o vinho. Mas para isso, fui bem claro no encontro, já no Café Pagliuca: "Vamos escolher qualquer um!" Enfim, até a opinião do garçom apelamos, fazendo aquela perguntinha bem objetiva: "Qual vinho daqui os clientes mais pedem?", Nossa pedida agradou muito, inclusive pedimos outra garrafa, pois além do sabor do vinho semi-seco, a conversa, o olhar, a companhia, a música ao vivo tudo estava indo conforme o combinado e naturalmente agradável. Estávamos leves, mesmo com a carga de importância desse encontro, era como se soubéssemos o que estava por vir! 

Já no restaurante, ela estava linda, espontânea como sempre, os papos se complementavam, os links eram constantes, enfim hora de ir embora. O tempo passou rápido, bateu o frio na barriga, as flores no porta-malas aguardando o momento clímax da noite quase perfeita (já explico o motivo do "quase"). 

Quando chegamos em sua casa, ainda no carro, noite tranquila, agradeço o jantar, ela é surpreendida quando peço para esperar, olhos assustados e as rosas surgem diante dela, inclusive acredito que elas estavam ainda mais lindas. Peço em namoro em seguida (segui o conselho chicobuarquiano "Aja duas vezes antes de pensar"), e o "quase perfeito" veio à tona quando ela disse: "Preciso pensar!"

Na verdade essa história é engraçada, por mais frustrante que possa parecer para quem ler, pois como sempre digo para ela, os olhos disseram "sim", então incrivelmente fui para casa tranquilo com a certeza que nossos olhos reproduzem a vontade do nosso coração. Seria o porta-voz cordial! 

Assim passam-se 8 meses, amanhã é dia 13 e sinceramente: graças a Deus!   

MORAL DA HISTÓRIA: É possível sair com uma garota no dia 13 do mês sem entender de vinho, nem de restaurante e nem de flores, porém em uma noite resolver todas essas questões. Para isso basta entender o idioma do coração, logo tudo se encaixa. "Que a noite traga alívio imediato!"

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dignidade

Porque acordar almejando amar e mudar? Eis a questão de hoje. E eis a questão que deveríamos ter como meta diária, pois quando mudamos e amamos simultaneamente, é esperado que essa mudança seja benéfica, ou seja, o mandamento divino de amar ao próximo necessariamente será respeitado de forma plena, sempre mirando o melhor para o coletivo e, consequentemente, para si. Parece-me ser o caminho mais próximo do que muitos chamam de missão. E na verdade nem preciso e nem quero falar de religião, pois acredito que o céu e o inferno estão dentro de cada um de nós. Seguir o menor caminho entre dois pontos nem sempre é o mais prazeroso, pois definitivamente na maioria das oportunidades que surgem diante de nós, os fins NÃO justificam os meios.

Essa introdução é para enfocar um livro que será lançado em Belo Horizonte (mais detalhes no site) intitulado "Dignidade", que são histórias contadas por 9 escritores que acompanharam o dia-a-dia da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), narrativas recheados se humanidade, arte e ensinamentos.

Certamente irei adquirir esse livro, pois para mim é um presente poder assimilar por meio da literatura experiências vividas com ficção ou não, pois enfim esse mundo precário de pessoas em pleno estado de miséria que precisam de pessoas como nós, onde comemos no mínimo 3 vezes por dia e sobra dinheiro inclusive para o que chamamos de consumismo, isto é, comemos bem e ainda compramos aquilo que não se come. Enquanto em boa parte do planeta a luta é pela sobrevivência a fim de garantir o mínimo de alimento necessário para continuar com sinais vitais. E nesse momento provo o que estou falando, já que vou justamente COMPRAR o livro "Dignidade", já que sobrou dinheiro e não estou com fome. Mas assim caminhamos, "...avançando dois, recuando um, mas seguindo sempre" (Quinteto Agreste)

Moral da História: se você tem a sorte de comer adequadamente e ainda sobrar capital, então sugiro a leitura do seguinte livro (já é possível comprá-lo na Livraria Cultura):

DIGNIDADE: http://ow.ly/bxpkq

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

"Senta que lá vem o médico!" (2)

Parecia um dia como qualquer outro...

Plantão noturno no Hospital Antônio Prudente: relativamente tranquilo...

Dia seguinte, sair do plantão e pegar a BR-116: nem tão tranquilo assim... Sono é inversamente proporcional ao bom humor.

Novo destino: Hospital Penal, onde já trabalho desde Dezembro de 2011, local aparentemente tranquilo, e é nesse ambiente que hoje discorro sobre nossa nova história.

Impressionante como o homem almeja o poder. E o homem necessita poder pisar usando o poder! Enfim, após esse trocadilho pouco feliz, esse é o cotidiano no hospital penal onde trabalho como médico clínico plantonista e lá atendo presos doentes internados. Exatamente isso, sou médico de presos ou internos, conforme o leitor preferir. Claro que surgem consultas de funcionários, até exageram o fato de ter médico disponível, porém meu papel único e principal é atender os pacientes presidiários.

E no hospital penal funciona da seguinte forma: o preso chega com sintomas, geralmente encaminhado de sua  penitenciária de origem ou delegacia, o mesmo (agora paciente) é admitido com os mais variados problemas: desde um grau de subnutrição (encontrado na maioria dos casos até tuberculose ou até mesmo câncer, além de traumas em geral).

Bom, na verdade a minha ideia nesse contexto é introduzir as diversas histórias que já vivenciei nesse ambiente, dessa forma revivencio o momento de forma autorreflexiva! Nossa história de hoje receberá o título de "O que é uma bala na cabeça quando se leva uma surra?"

Paciente chegou no fim do meu plantão no hospital penal quando percebi sua hemiface esquerda inchada (edemaciada) sugestivo de trauma e achava inclusive que esse trauma era o motivo do atendimento médico-hospitalar, mas não era, pois na verdade esse paciente foi vítima há 6 meses de perfuração por projétil de arma de fogo, e a cabeça foi o local atingido. Paciente sobreviveu e na verdade sua queixa era uma dor de cabeça forte, porém numa situação de descontrole, o preso xingou um dos agentes em sua penitenciária, então prontamente a resposta ao xingamento foi uma surra...

Enfim, o que estava em jogo na consulta era a surra e não mais a perfuração por bala de 6 meses atrás. Baixei a cabeça, indignado por tamanha perversidade com alguém que, cometeu seu crime, está pagando, porém  a impressão que passa é que só isso não basta, é preciso ser humilhado, ser espancado, sofrer o dia a dia de cada vez, como um inferno ainda em vida.

O que me importa é ter a possibilidade real de levar a saúde às pessoas, porém nesse trabalho onde é travado o eterno conflito Agentes Penitenciários versus Presidiários o profissional de saúde muitas vezes rema contra a maré, e nada mais estou fazendo que justificar minha formação de cuidar de seres humanos, assim gritei em alto e bom no tal juramento de Hipocrates.

Esse crime praticado contra alguém já detido e indefeso chama-se tortura e seria um exemplo clássico de covardia, beirando o patológico!

Enfim, o preso foi admitido, realmente precisava ser internado após tamanho exemplo de autoridade por parte da polícia ao traumatizar o rosto do rapaz.

E o guarda que o espancou? Provavelmente já não foi a primeira nem a última vez que bateu em alguém, então na verdade ele está mais como vítima, por ter aflorado sua agressividade como reflexo de um sistema carcerário falido, efeito feedback positivo: quanto mais o preso provoca, mais a polícia bate. E isso, lamentavemente, não é novidade para ninguém, na verdade trata-se de apenas uma constatação.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Série: "Senta que lá vem o médico!" (1)


Estava eu mais uma vez entrando no consultório, situado em um bairro carente de recursos e infraestrutura. Em resumo: uma comunidade pobre, mas deixando claro que trata-se de um termo relacionado à bens materiais. Então entrou a paciente, a qual já a conhecia, pedindo para prescrever vacina de eucalipto, pois estava gripada e precisava ficar boa, e só conhecia a vacina de eucalipto que resolvia sua gripe. 

No momento pensei e disse a ela olhando nos olhos: "Nunca ouvi falar em vacina de eucalipto!", disse orgulhoso por não conhecer tal "injeção"!

Ela retrucou dizendo que existia nas farmácias, mas só aplicavam com receita médica. 

Fiquei curioso, pois a paciente disse inclusive que já tinha feito uso da vacina anteriormente.
Então peguei o celular com internet, entrei no "Dr Google" e digitei "vacina eucalipto", entrei no primeiro link que a página me sugeriu e encontrei o seguinte trecho, escrito por algum "dotô" Fulano de Tal: “Muitas farmácias prescrevem com freqüência injeções a base de óleo de eucalipto, o que pode provocar reações alérgicas e até mesmo matar”

Era o que precisava para ter agora a certeza, agora com argumentos virtuais, que a vacina de eucalipto era mais uma invenção bizarra das indústrias farmacêuticas e seu uso indiscriminado de fármacos.

Então disse para a mulher: "Dona Fulana, a gripe não tem medicação própria. Logo, seria muito melhor a senhora repousar, beber bastante líquido, e quando ficar boa da gripe, aconselho a ir no posto mais próximo e tomar a vacina contra a gripe que o governo oferece."

Ela me olhou com face de frustração e espanto, dizendo que a vacina do governo causa gripe e a intenção é matar os "velhos" (termo usado pela paciente) mais cedo! E pediu mais uma vez a vacina de eucalipto, agora com insistência.

Neguei, expliquei mais uma vez que com vacina ou sem vacina ela iria ficar melhor do mesmo jeito, portanto era de repouso que precisava. Obviamente já estava tom de voz mais ríspido e menos simpático. 

Vi pela posição estática que ela precisava ouvir de novo o que tinha acabado de falar, senão daria brecha para uma nova investida. Então repeti a informação, e já estava querendo terminar a consulta, pelo menos acho que ainda era uma consulta. Então ela saiu do consultório reclamando, dizendo que ia na farmácia de qualquer jeito arranjar a vacina. 

Eu, pensei depois da cena, poderia ter passado a vacina, porém alguma coisa poderia acontecer, desde uma reação alérgica ou até mesmo um problema de saúde risco maior de letalidade. Ou seja, estou tranquilo, e definitivamente o eucalipto é formalmente e cientificamente usado para inalação ou chá, principalmente quando o paciente apresente sintomas respiratórios como sinusite, rinite, gripe, etc. Mas a forma injetável não tem comprovação científica, conforme voltei a pesquisar com maios afinco posteriormente.

Enfim, de graça até vacina na testa, mas preferencialmente que não seja de eucalipto. 

Moral da história (1) : consulte o Dr Google e descubra o que uma vacina de eucalipto pode fazer, pois além do risco de causar prejuízos à saúde, ainda pode tirar a paciência do médico.

Moral da história (2) : e se um dia algum médico prescrever vacina de eucalipto para você, diga para ele: "Não preciso dessa vacina, foi o Dr Google que avisou!"  


Duas pessoas somam, subtraem ou se misturam? Na verdade iniciar um texto com uma pergunta entrega o autor como um amador com veia literária enferrujada o suficiente para não conseguir iniciar de forma melhor seu texto... (as reticências é uma ótima evasão, pois esses "três pontos" encerra o assunto por bem ou por mal)

Acredito que a vida seja repleta de quebra-cabeças onde utopicamente tudo se encaixa, porém na verdade muitas dessas peças se perdem ou simplesmente nunca aparecem, enfim, numa caixa de quebra-cabeças não tem peça reserva, ou seja, uma ou mais peças ausentes são lacunas que não serão preenchidas definitivamente. Mas seria como a força das consoantes, já que todos sabem que palavra significa a expressão por exemplo "comptdr", enfim só usei uma vogal e todas as consoantes que qualquer criança saberia adivinhar o enigma super fácil. Assim seria o quebra-cabeça incompleta, pois mesmo na ausência de peças, a paisagem não seria comprometida e todos saberiam olhar, identificar e apreciar a gravura. 

Porém, o que pode parecer desleixo perder peças do quebra-cabeça, na vida isso é natural e importante que ocorra, pois na verdade não podemos ser os detentores de todas as peças, então outras pessoas poderiam ficar com peças que seriam justamente as lacunas.  

O quebra-cabeça pode ser o passado, o presente ou o futuro, quem manda é a imaginação de cada ser.

Nesse texto atemporal, acronológico e abstrato, faço Ctrl C + Ctrl V da seguinte letra chamada "Quebra-Cabeça"!



Quebra-Cabeça
(Engenheiros do Hawaii)

Pode ser pra sempre
Pode não ser mais
Pode ter certeza e voltar atrás
Pode ser perfeito
Fruto da imaginação
Pode ter defeito de fabricação

Tá faltando peça no quebra-cabeça
Eu não tenho pressa
O meu tempo é todo teu
É tudo que eu posso oferecer
É pouco
Mas é tudo que eu posso oferecer
É quase nada
Mas é tudo que eu posso oferecer

Pode estar no ponto
Ponto de interrogação
Pode ser encontro ou separação
Pode correr risco
Arriscado sempre é
Só não pode o medo te paralisar

Tá faltando peça no quebra-cabeça
Eu não tenho pressa
O meu tempo é todo teu
É tudo que eu posso oferecer
É pouco
Mas é tudo que eu posso oferecer
É quase nada
Mas é tudo que eu posso oferecer
É pouco
Mas é tudo que eu tenho

Tudo que eu posso oferecer


 (Clipe da música acima) http://www.youtube.com/watch?v=sWI5G7iWkg4&feature=player_embedded