quinta-feira, 30 de junho de 2011

Sumário de Urina X Sadismo

Era mais um caso clínico. O preceptor (médico chefe), diante da paciente e dos acadêmicos de medicina, iniciou em alto e bom som a descrição minuciosa do sumário de urina ((informalmente chamado de exame de urina) do paciente em questão, utilizando termos técnicos para acrescentar aos pupilos com aprendizado, já que tratava-se de uma aula prática em um hospital qualquer de ensino. A paciente, uma jovem, ouvia atentamente, mesmo não compreendendo nada do que ouvia.


"Então, pelo sumário (de urina) temos: urina de densidade normal, pH normal, urina de coloração turva e na avaliação dos sedimentos urinários temos: proteinúria (proteínas na urina), hemoglobinúria (hemoglobina na urina), bacteriúria (bactérias na urina), leucocitúria (leucócitos na urina). E a jovem paciente refere como sintomas: disúria (dor ao urinar), hematúria (sangue na urina) e noctúria (urinar mais de 3 vezes durante a noite). Então estamos diante de um quadro clássico de cistite ou infecção urinária baixa".

Um dos alunos, mostrando interesse pelo caso, pergunta diretamente para a paciente quantas vezes ela tinha praticado relação sexual na última semana, já que aumento da frequência de relações aumenta o risco de infecção urinária. A paciente, tranquila e segura, respondeu que sinceramente não sabia, pois na última semana havia perdido a conta de quantas vezes havia transado. O aluno, prontamente, virou ao professor e disse: "Professor, no exame faltou descrever que a paciente também tem LUXÚRIA!"


quinta-feira, 23 de junho de 2011

FERIADO X TRABALHO

O tempo parece não passar... feriado... Nenhum paciente na emergência, ninguém sabe o verdadeiro significado de Corpus Christi, todo mundo só fala em beber, ir pra forró, encher a cara até cair... Muitos já estão de ressaca. Tudo isso fez eu assimilar um tédio típico daqueles domingos ociosos. E eu trabalhando, ou melhor, fingindo que estou trabalhando, pois não tem nada para fazer, simplesmente nenhum paciente! rs Ócio em casa é até bom, às vezes, mas ócio no trabalho é insuportável, algo próximo de uma tortura! Estou contando os milésimos de segundos para finalmente retornar ao lar! O último paciente ainda veio me pedir um atestado pra terça, dia 21, ou seja, atestado falso, e gastei saliva tentando explicar pro cara que não poderia dar o atestado, mas de nada adiantou, o "impaciente" foi embora resmungando. Impressionante como a lei incomoda nesse país!

Acesso meu e-mail pela milésima vez... Sinal de celular ruim... Lista de espera: zero pacientes. Em resumo: trabalhar em um feriado é muito CHATO!

"Trair antes de ser traído!": frase mais imbecil dos últimos tempos!

Terminei o filme que me inspirou escrever o texto nesse blog "Gostar, cuidar, zelar. E o zelo tem uma ponte estreitíssima com o ciúme.." (18 de junho de 2011), e o final é o pior possível para o casal principal do filme. Na verdade não precisava de um final feliz, mas o protagonista simplesmente ouve o "conselho"do amigo que afirma: "Trair antes de ser traído". Seria um extensão da idéia insalubre de não ficar por baixo! Resultado: o cara não opta em tentar esclarecer todas as dúvidas com uma boa e transparente conversa, simplesmente deixa o ciúme se tornar um tumor maligno agressivo e, desse modo, ele apela para todas as alternativas mesquinhas: vasculhar coisas da namorada, contratar detetive de esquina, porém sem nunca nada comprovar. Mas o ser humano impressionantemente imagina, cria e acredita no irreal, então ele tenta de todas as formas trair a namorada que ele passa a ter certeza que o trai. Resultado: a namorada o flagra aos amassos com a amiga dela que ele tentou embriagar com vinho em sua própria casa. E ao que tudo indica a moça (namorada) era inocente, pelo menos o filme assim transmite a idéia ao espectador, tornando o mocinho um verdadeiro vilão. O cara é a definição de idiotice, pois o impulso irracional o levou a querer dar o troco e assim ficar no mesmo patamar que a namorada suspeita de ser traidora. E na verdade ele ficou abaixo dela, ele realmente a traiu e da pior forma: para fortalecar um ego patológico.

Conclusão: converse, confie, tenha fé e paciência: justiça com as próprias mãos nunca foi a solução. Usar as "Três Peneiras" nunca é demais. É necessário certeza, bondade e utilidade para que a informação seja realmente válida, real e mereça ser repassada.

"Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então é melhor que o guardes apenas para ti"

Nosso protagonista não usou nenhuma das Três Peneiras e, lamentavelmente, perdeu...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Uma vida na mão ou dois pássaros voando?

"Eu vou morrer?"

"Eu vou melhorar?!"

"Pelo amor de Deus, ajude-me!"

"Quanto tempo vou ficar assim?"

A vida definitivamente não permite ensaios. Se permitisse, não teria graça alguma. Ninguém erraria, ninguém tropeçaria, ninguém erraria a mega-sena, ninguém morreria. Todos seriam igualmente felizes e todos aproveitariam ao mesmo tempo todas as boas possibilidades possíveis! Ou seja: seria a mais completa definição de "perfeito caos".

As perguntas acima simbolizam isso, pois como profissional de saúde ouço várias vezes durante a rotina esses questionamentos que geralmente são acompanhados de angústia e medo. A incerteza da cura e da recuperação, colocando a saúde em jogo, e desse modo em risco nosso bem maior: a vida.

E quanto vale a vida? Pergunta mais difícil talvez não exista, pois todos sabem que a vida não tem preço. Mas e pra quem, impressionantemente, deseja o fim da vida como o suicida? A vida pra ele significa o ingresso para a morte e nada mais. Paciência...

E assim acontecem exemplos de vida por um fio todos os dias, em todos os momentos. Eu, particularmente, nunca tive a vida em risco por causa de doença. Mas infelizmente já estive em contato com pessoas que faleceram mesmo com todos os esforços. O mal irremediável é insano e muitas vezes cruel.

Essa certeza que vou morrer um dia é no mínimo curioso, pois posso estar escrevendo esse texto no dia da minha morte e simplesmente eu não sei disso. Então esse texto seria polêmico, já que seria absurdo pensar que trata-se apenas de uma mera coincidência. Mas se hoje não for o dia da minha morte, então esse texto passará apenas como mais um texto no meu blog.

Então termino esse texto pequeno, pois admito que minha inspiração "morreu" hoje, apenas afirmando que ter uma vida nas mãos realmente equivalem a dois pássaros voando, já que na área de saúde o profissional de saúde e o paciente são dois pássaros: esse quer voltar a voar e aquele quer continuar voando, mas nunca sozinho, enfim uma andorinha só não faz verão, mas quando essa andorinha ajuda várias outras andorinhas a voarem com ela, então o sol virá majestoso e irradiando felicidade. Quando alguma andorinha não puder mais ajudar a fazer verão, então o mal irremediável cumpriu a sua tarefa. Tudo bem, o sol continua, todos os dias da semana, 365 dias por ano. Quem não está mais entre nós para apreciar o sol da terra, então acredito que deve estar apreciando esse mesmo sol de um ângulo muito mais privilegiado. Amém!

"(...) Onde houver ódio que eu leve o amor / onde houver ofensa que eu leve o perdão /onde houver discórdia que eu leve a união / onde houver dúvida que eu leve a fé / onde houver erro que eu leve a verdade / onde houver desespero que eu leve a esperança / onde houver tristeza que eu leve a alegria / onde houver trevas que eu leve a luz (...)" (trecho oração de S. Francisco de Assis)

sábado, 18 de junho de 2011

Gostar, cuidar, zelar. E o zelo tem uma ponte estreitíssima com o ciúme...

Assisti um filme hoje, mas não terminei de assistir, porém já posso comentar a sinopse, já que a história não é original, porém bem cotidiana. Todo mundo conhece ao menos uma pessoa que lembra o protagonista desse filme. O leitor pode ficar tranquilo que não falarei o fim do filme, até porque eu também desconheço e nem vou intitular o filme, pois o motivo desse texto não é definitivamente divulgar esse filme, apenas servirá para embasar o contexto atual.

O filme mostra a vida de um jovem, 32 anos, que curte a vida como qualquer jovem, mas eu diria que ele curte além da medida, pois se envolve com várias mulheres, porém sem se apaixonar por nenhuma delas. Penas curtição e sexo, nada mais. Então esse cara começa a ter problemas com isso, pois as mulheres se iludiam, mas ao procurá-lo todos os sentimentos nutridos haviam ido embora por parte dele, até porque esses sentimentos nunca existiram. Ele era paulista, pilantra, cachorro, e pra fugir desse "inferno feminino" que ele mesmo plantou e cultivou, resolve viajar para o Rio de Janeiro quando se depara de forma inusitada com uma mulher também jovem que iria transformar sua vida para sempre. Eles se apaixonam, ela se muda para São Paulo, mas um monstro estava nascendo a partir daquela linda união: o ciúme! A carioca tinha milhões de amigos, era carismática, dançava com todos nas festas e, além de tudo, era ingênua. Ele descobriu-se ciumento ao ponto de mexer em celular, gavetas dela e até extrato bancário. O abominável ciúme tomou conta da relação. Sua vida estava virando um inferno, pois tudo era motivo para desconfiança.

Assisti o filme até esse momento, ou seja, no clímax, pois infelizmene havia chegado a hora de ir trabalhar em pleno sábado à noite (hora ingrata)! Mas faz parte, e pra ser sincero, o filme é angustiante, pois o ambiente é bem semelhante ao cenário tenso de Dom Casmurro com Bentinho, Capitu e Escobar, onde a genialidade de Machado de Assis não permite identificarmos se realmente Capitu trai ou não Bentinho com o Escobar.

Então hoje venho aqui no blog dizer que o ciúme é como um câncer: se diagnosticado precocemente, pode ser tratado e curado. Porém, se esse tumor maligno avança para fase terminal com metástase, então essa doença vira um estigma incurável até que a morte (ou o divórcio) os separe... Infelizmente.

Ciúmes? Melhor não tê-lo! Se tiver, respire fundo, separe o que é real e imaginário e troque a ofensa por perdão, sempre que possível.

"Mas eu me mordo de ciúmes!"